Filosofia, educação inclusiva e intervenção artística: contribuições de Henri Bergson para uma ontologia da infância

  • Carmem Lúcia Sussel Mariano Universidade Federal de Rondonópolis (UFR)
  • Marlon Dantas Trevisan Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Palavras-chave: intuição; duração; inteligência; educação inclusiva; instalação artística.

Resumo

A filosofia de Henri Bergson – com destaque aos conceitos de duração, intuição, relações entre matéria e memória, crítica ao intelectualismo – é apresentada como inspiração para se pensar uma ontologia da infância, a fim de orientar propostas educativas verdadeiramente inclusivas em contraposição a uma visão normativa e desenvolvimentista da infância. Tal temática enuncia como objetivos: analisar as representações ocidentais de infância; enumerar as linhas gerais do pensamento bergsoniano e estabelecer nexos com a educação inclusiva; apresentar, como exercício pedagógico e empírico, uma instalação artística denominada Poliedros mágicos, que circula em instituições de educação infantil. O caminho trilhado revela a infância como experiência de duração que perpassa o humano – criação e expansão de novos campos de consciência outrora colonizados pela razão utilitária e cientificista; esta que, ao classificar, numerar, espacializar, despreza a diferença, em nome da homogeneização. Propõe-se pensar uma outra representação, não mais como percurso até a racionalidade adulta, como quer a psicologia do desenvolvimento, mas como algo que está em nós, proporcionando-nos contatos íntimos com as coisas.

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Biografia do Autor

Carmem Lúcia Sussel Mariano, Universidade Federal de Rondonópolis (UFR)

Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é professora associada da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) no curso de graduação em Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Vice-líder do grupo de pesquisa Infância, Juventude e Cultura Contemporânea (GEIJC).

sussel@uol.com.br

Marlon Dantas Trevisan, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), é professor associado do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Sua produção se volta às investigações sobre Filosofia, Educação e Infância.

marloneanela@uol.com.br

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Publicado
03-05-2021
Seção
Pontos de vista - O que pensam outros especialistas?