Docência: espaço de experimentação e formação

  • Silvia Nogueira Chaves Universidade Federal do Pará (UFPA)
Palavras-chave: docência, experiência, formação, acontecimento

Resumo

Este ensaio parte de três pressupostos: 1) docência como espaço de experimentação pedagógica e campo de formação docente; 2) experiência como acontecimento; 3) educação, aula, vida como “obra de arte”, sempre abertas a recriações. Em termos metodológicos, a proposta é partir de referenciais da filosofia da diferença, acionando o pensamento de autores como Michel Foucault, Peter Pelbart, Gilles Deleuze, Jacques Rancière... Partindo desses referenciais, contrapõe-se a noção de experiência como sequência procedimental planejada e controlada ou como acúmulo de vivências, para pensá-la como acontecimento que faz funcionar micropolíticas que (re)criam práticas. Rompe-se com a noção de docência como espaço de recognição e aplicação de conhecimentos consolidados para pensá-la como experimentação, uma prática de escritura de si inventiva em que o professor se forma e transforma continuamente a si e a seu campo de ação profissional. Concluise que no processo formativo a experimentação docente funciona como micropolítica ou pedagogia menor que potencializa mutações pedagógicas mais pareadas com espaço, velocidade e tempo presente. 

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Biografia do Autor

Silvia Nogueira Chaves, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é docente do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas (PPGECM/UFPA) e coordenadora do Grupo de Estudos e
Pesquisa Cultura e Subjetividade na Educação em Ciências. Desenvolve pesquisas no campo dos Estudos Culturais, Formação Docente, Políticas de Subjetivação e das Narrativas (Auto)biográficas. É vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio) e editora da Revista Experimentart. Coordenou o Projeto de Pesquisa: Autobiografia, Arte e Cinema na Formação Docente 2013-2016.

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Publicado
02-02-2023
Seção
Pontos de vista - O que pensam outros especialistas?